quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pior que Sodoma



É bastante comum as cidades fazerem propaganda de suas qualidades. Algumas colocam outdoors com mensagens do tipo: “Caldas Novas, a maior estância hidrotermal do mundo”. Outras são conhecidas por suas características marcantes: Rio, Cidade Maravilhosa ou São Paulo, Terra da Garoa. Pois se esse tipo de marketing existisse na época de Jesus, talvez encontrássemos propagandas do tipo: “Cafarnaum, campeã mundial dos milagres” ou “Betsaida, Terra da Benção” e “Corazim, Lugar de Milagres”.
E não se trataria de propaganda mentirosa. Cafarnaum, Betsaida e Corazim foram as cidades onde Jesus operou a maior parte de seus milagres (Mt 11:20). Mas, de fato, não tinham do que se gabar. No conceito de Jesus as três eram “piores que Sodoma”.
Seguindo o mesmo raciocínio, Sodoma poderia promover-se como “cidade do pecado” ou “cidade dos prazeres”. Uma Los Angeles da antiguidade. Título que viria a calhar: “los angeles” significa “os anjos” e os sodomitas ansiavam por inaugurar uma nova modalidade sexual: sexo com anjos. E por essa permissividade acabou esgotando a paciência divina sendo consumida por fogo.

No Dia do Juízo Final, entretanto, o maior rigor está reservado não para os devassos sodomitas, mas para os habitantes das cidades que viram o que nenhum de nós viu ou vai ver: milagres operados pelo Filho de Deus em pessoa. E não foram poucos. Jesus afirma que se em Sodoma tivessem sido feitos os mesmos prodígios operados em Cafarnaum “... teria ela permanecido até hoje” (Mateus 11:23).
O lamento de Jesus por  Corazim, Betsaida e Cafarnaum nos ensina algumas coisas sobre milagres:
- Milagre que não traz arrependimento se torna agravante no Dia do Juízo.
- O propósito do milagre é confirmar a mensagem cristã e produzir contrição e espírito grato. Milagre que não produz isso não passa de Graça incompreendida.
- Dê graças pelo milagre que recebeu e mais graças ainda pelo que não recebeu. Afinal “a quem mais é dado, mais será cobrado”. E infelizes daqueles que dependem de um milagre para crer, que precisam sempre de uma nova campanha e uma nova conquista para se sentirem amados. Se você não anda vendo milagres todos os dias em sua vida e ainda assim continua crendo e amando Jesus, bem-aventurado é! Porque não viu, mas creu; não recebeu e ainda assim creu!
- O milagre não se constitui um fim em si mesmo. A Igreja não existe para ser um “local de milagres” apenas (embora algumas se gabem disso). Já vi igrejas com slogans do tipo: “Lugar de Vitória”; “Lugar da Benção”, “do Avivamento” e “dos Milagres”. No entanto, jamais vi a expressão “Lugar de Arrependimento”, embora seja essa a razão de ser da pregação e do próprio milagre.
- Milagre não é para vanglória pessoal (ou eclesiástica)– Jesus falou: “E tu, Cafarnaum, que te ergues até os céus, serás abatida até aos infernos” (Mt 11.23). Tem crente que já foi curado de tanta coisa que ficou “empazinado” de orgulho espiritual. Ficou como Cafarnaum: com “Síndrome de Torre de Babel”.
Por fim, pior que o ignorante é o conhecedor insensível - Pior que o nativo que adora o sol, a lua e as forças da natureza é o religioso curado por Jesus, mas que não se arrepende de seus pecados. Pior que o sodomita tarado por anjo, é o sujeito que vê anjo, fala com anjo, passeia com anjo e nem assim se lamenta por suas tortuosidades diante de Deus. Todos serão julgados, diz Jesus, mas vergonha maior será ser considerado “pior que Sodoma”!

Alessandro Mendonça

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