Um Arauto aos Peles-Vermelhas
“Declaro, agora, que estou morrendo, que não teria gasto minha vida de outro modo, ainda que em troca do mundo inteiro”.
Muito Breve foi a vida de David
Brainerd (20/04/1718 – 05/10/1747). Foi levado à glória celestial com
apenas 29 anos,quando ainda era noivo de Jerusa Edwards (filha do homem
de Deus, Jônatas Edwards, autor do sermão "Pecadores nas Mãos de um Deus
Irado" e que foi muito usado por Deus no reavivamento espiritual
norte-americano do Século XVIII).
Converteu-se
aos 20 anos e logo consagrou-se completamente ao SENHOR. Tinha
verdadeira obsessão de servir a Deus e implorava para que o Senhor Jesus
Cristo usasse a sua vida completamente para a honra e glória do SENHOR.
Dedicava
grande parte de seu dia à oração e freqüentemente jejuava buscando mais
intensamente a presença de Deus e poder para servi-lO. Como tinha o
costume de anotar os fatos e pensamentos mais importantes do dia em seu
diário, muitas coisas de sua vida, orações e lutas foram conhecidas,
após a sua morte, através de seu diário. Jônatas Edwards, pai de sua
noiva, foi usado por Deus para escrever sua biografia.
Depois
de completar seus estudos teológicos, David Brainerd sentiu-se chamado
por Deus para pregar entre os índios pele-vermelhas. Assim ele anotou em
seu diário: "Preguei o sermão de despedida ontem à noite, Hoje, pela
manhã, orei em quase todos os lugares por onde andei, e depois me
despedi dos meus amigos e iniciei a viagem para o habitat dos índios".
David
Brainerd conseguiu entrar nas aldeias dos índios e começou um grande
trabalho evangelístico. Relata em seu diário: "Continuo a sentir-me
angustiado. À tarde preguei ao povo, mas fiquei desanimado acerca do
trabalho... receio que seja impossível alcançar estas almas. Retirei-me e
derramei minha alma pedindo misericórdia, mas sem sentir alívio.
Completo 25 anos de idade hoje. Dói-me a alma ao pensar que vivi tão
pouco para glória de Deus..."
Certo
dia Brainerd percebeu que toda a aldeia se preparava para uma festa de
danças e orgias para os seus deuses. Ele, então, passou todo aquele dia e
toda a noite em oração e jejum. Na manhã seguinte, cheio de convicção,
confrontou os índios para que não realizassem o ritual. Os índios foram
tocados por Deus e, não somente abandonaram os preparativos, como
ouviram durante todo o dia a pregação do missionário. Está registrado em
seu diário: "Preguei à multidão sobre Isaías 53:10, ‘Todavia, o Senhor
agradou moê-lo...’
Muitos, dentre uma multidão de 3 a 4 mil, ficaram comovidos a ponto de haver grande pranto...".
Com
muitas dificuldades e passando por várias provações e privações, David
Brainerd pregou a dezenas de tribos americanas, apesar de seu corpo
franzino e de sua pouca saúde. Perdeu-se muitas vezes nas florestas,
onde passou todos os tipos de dificuldades, em pântanos, chuvas e
temporais, intenso calor do verão e o terrível frio do inverno. Passou
fome, dormiu ao relento e debilitou ainda mais seu corpo.
Sentiu
que tinha uma decisão a fazer. Devido à sua saúde abalada e à
tuberculose, David Brainerd sabia que tinha apenas mais um ou dois anos
de vida. Restava-lhe casar com a noiva e aceitar um convite de uma
igreja para ser pastor, ou voltar aos índios e gastar seus últimos anos
como missionário. Assim confidenciou em seu diário este tempo de luta em
oração: "Eis-me aqui, Senhor,envia-me a mim até os confins da
terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de tudo que
se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teu
serviço e para promover o teu reino..."
Assim
Brainerd voltou aos índios, e continuou sua missão. Anos depois,
retornou à casa de Jônatas Edwards, onde faleceu. Sua noiva, que tanto o
amava, depois de sua morte começou a murchar como uma flor, vindo a
morrer quatro meses depois. Viveu apenas 29 anos, mas seu trabalho
missionário é superior ao serviço e obras das pessoas que vivem 80 anos.
Sua
biografia, escrita por Jônatas Edwards, tem influenciado muitos homens
de Deus em suas decisões de consagração e de vocação missionária. Não há
outra vida que Deus tenha usado tanto para despertamento espiritual
como a dele. O próprio Jônatas Edwards recebeu grande influência, também
João Wesley, A. J. Gordon, Willian Carey (que leu sua biografia e
consagrou sua vida para ir à Índia), Roberto McCheyne (lendo seu diário,
dedicou sua vida para evangelizar os judeus), Henrique Martyn (que,
depois de ler sua biografia, entregou-se ao Senhor para servir
intensamente como missionário na Índia e na Pérsia, por um pouco mais de
seis anos, morrendo com 31 anos). Vidas preciosas, como diz Hebreus
11:38, "homens dos quais o mundo não era digno"!
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